Pages

terça-feira, 8 de junho de 2010

Minha arte: Ser professora



“Uma pessoa continua a trabalhar porque o trabalho é uma forma de diversão. Mas temos de ter cuidado para não deixarmos a diversão tornar-se demasiado penosa."

Friedrich Nietzsche


Hoje voltarei à origem do blog. Mudei o foco dele por esses dias – devido à minha paixão por leitura. Mas ele surgiu da necessidade de me expressar, de desabafar, e hoje, eu preciso disso.


Escolhi as palavras de Nietzsche para “ilustrar” um pouco o meu desabafo.

Há algum tempo atrás, eu não sabia direito pra que vestibular prestar, na minha cidade só tinha áreas ligadas a saúde ou magistério. Eu não queria nenhuma das duas, mas entre as opções que tinha, escolhi o curso de Letras. Minha profissão: professora.


Atualmente, as pessoas podem pensar que eu sou louca, pois, infelizmente professor no Brasil não é valorizado, passa o maior “perrengue”, muito trabalho e pouco dinheiro devido à carga horária de trabalho. Mas mesmo assim optei pela educação, visto que uma das minhas maiores paixões é o livro, a literatura.


Meu sonho na profissão: Ensinar literatura.

Objetivo: “Transformar” meus alunos em leitores.


Antes, eu pensava que ser professora de literatura era trabalhar com o Ensino Médio, ensinar todas aquelas escolas literárias, falar dos clássicos, convencer meus alunos a lerem os clássicos... Ficava muito decepcionada quando, em uma entrevista de emprego o coordenador só tinha para me oferecer gramática e nunca literatura. – logo eu que não suportava gramática.


Peguei a tal da gramática. Venho trabalhando com ela há algum tempo e hoje as pessoas olham pra minha cara e veem a gramática. – ainda acho que elas estão meio doidas, ainda cometo alguns errinhos, principalmente porque escrevo rápido e não releio. Falta de atenção total. – Pois então... Literatura? Nunca trabalhei com ela no EM e a vejo muito distante, pois por mais difícil que possa ser, estou gostando da tal da gramática. Assuntos que eu odiava, hoje amo – vide Orações Subordinadas e Análise Sintática.


Só que de uns tempos pra cá, eu venho refletindo acerca da minha profissão e vejo que na verdade, eu já realizei meu sonho. E ele foi realizado de uma forma muito melhor do que eu esperava. Não trabalho com aquelas escolas literárias que a gente estuda no EM, trabalho com literatura, todo tipo de livro, do conto de fadas ao clássico do vestibular, de "Crepúsculo" ao " O Segredo de Emma Corrigan". Sim!!! Meus alunos pesquisaram sobre o chic-lit e viram vários gêneros literários. – Ai se minha ex-professora de literatura souber disso...


Meu objetivo? Estou cumprindo... Já “transformei” alguns em leitores. O trabalho é árduo e contínuo, mas vale à pena.


Meu trabalho se transformou em uma diversão. Estou conseguindo o que eu queria, até mais do que eu queria. Só que ultimamente essa diversão está se tornando um tanto penosa – por isso o motivo da frase de Nietzsche.


Não é nenhuma soberba ou necessidade de “me achar” ou me vangloriar. Mas eu me entrego ao meu trabalho, me entrego de corpo e alma. Horas e horas procurando formas atrativas de trabalhar, dias e dias preparando projetos, gincanas... O esforço é grande, algumas vezes recompensador – principalmente quando você vê o entusiasmo do seu aluno. Porém, ultimamente, está demasiado penoso. Meu corpo que o diga.


Durante todo o feriado, eu estive adoentada – uma dor de garganta horrível, não conseguia nem sair da cama direito, principalmente no sábado, domingo e ontem. Por causa da infecção, ontem tive que ir pra emergência tomar injeção, soro e vim com uma receita cheia de cuidados que tenho que tomar. Até aí tudo bem...


A minha decepção foi hoje. É engraçado quando você faz tudo pelo seu trabalho, se dá 100%, e todo mundo fica satisfeito. No momento que você fraqueja um pouco, que precisa faltar um dia por razões médicas, parece que tudo o que você fez antes não é nada. As pessoas estão tão acostumadas a você ser 100, que você não pode ser 99. Hoje fiquei abismada quando, ao entregar meu atestado médico, fui questionada porque fui ao médico às 11h, perto do horário de aula. Como se eu tivesse ido naquele horário só pra não dar aula. Sendo que a razão não foi essa. Simplesmente eu não aguentei mais. – luto pra não ir ao médico.


Você fica chocada com as colocações de algumas pessoas. Eu simplesmente não acreditei.

Hoje eu me questionei... Será que vale à pena? Será que vale à pena você se entregar tanto a algo, sendo que você no fundo não passa de uma empregada, de uma “máquina” que vai gerar dinheiro para aquele patrão? Sai revoltada!


Agora, depois de escrever os primeiros parágrafos desse texto, eu acredito que vale à pena. Dá um desgosto às vezes, mas vale à pena. Vale pelo sorriso do seu aluno, pelo carinho que ele tem com você, pelo cuidado ao perguntar como você está, pelo se importar, pelo abraço... Mesmo na brincadeira: “Você tava morrendo ontem? Porque pra você não vir, você devia estar quase morrendo”. Eles perceberam. Isso é o que importa!


Minha arte: Ser professor.

5 comentários:

Unknown disse...

Acho revoltante a falta de respeito com a qual os professores são tratado... eu tenho e sempre tive meus favoritos e não eram necessariamente aqueles cujas matérias eu me dava melhor... fato q eu e meus profs de portugues nunca nos entendemos... a de matemática será pra sempre minha favorita... somos amigas até hj e pro incrível que pareça, foi uma das maiores incentivadoras pra eu ler... haha... a de redação também morará pra sempre em meu coração... nunca vou esquecer dos comentários abaixo das notas: a história está bem construída, o texto está coeso, mas, eles tinham que morrer no final? Bem ou mal, professores marcam sua história e deveriam com certeza ser mais bem remunerados e reconhecidos, mas sei que eles ficam felizes com nossas vitórias...

Outro dia, estava comprando o material escolar dos meus irmãos, e encontrei minha professora da alfabetização, tia Inês... perguntei pra ela se ainda era professora, e ela respondeu: ainda! Depois perguntou: e você, o q faz? contei a ela minha profissão. Ela sorriu e disse: tá vendo? porque foi bem alfabetizada!Fato inconstetável! Fui muito bem alfabetizada...

Espero que todos os estudantes tenham uma profª. Ana, Luciene, Robenilde ou Inês na sua vida...

P.S.: adorei o texto, mas isso não é novidade, vc sabe que eu gosto de tudo que vc escreve...

;Lili disse...

ashuashuashsua

Aleluia!!!
Enfim ela deu o ar da graça em meu blog.
Eu sei que vc acompanha e comenta tudo o q escrevo no msn, mas fiquei muito feliz em ler um comentário seu aqui.

Já citei seu nome várias vezes, tava na hora de aparecer.
kkkkkkkkkkkkkkkkkk


Brigada, Iarla!!!

Duda Leal disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Luana Rodrigues Farias disse...

Eu tambem quero ser professora estou fazendo magistério, e to amando.

bjs

Fernanda Assis disse...

Nossa eu queria ter tido uma professora como você, mas felizmente tive a minha avó para me iniciar no mundo dos livros...ai quando os professores torturavam a turma com Machado, Padre Antônio Vieira, Eça etc eu ja tava escolada e até gostava rsrsrs

Eu sempre digo que o que falta no Brasil para o jovem gostar de ler é isso, indicarem livros que atraiam novos leitores em vez de se preocuparem tanto com romantismo, realismo e etc.

Amei o texto e espero q professores como vc não se desanimem e continuem lutando.

bjooo